Um leve começo para abstração, uma obra para ser abstrata não deve conter formas figurativas, segue um estudo realizado na faculdade de Belas Artes, onde restos de fotografias que tirei na Casa Modernista (lá me emocionei vendo um vídeo contando a história da construção daquela casa…) foram recortadas formando um patchwork com linhas retas, horizontais, verticais, inclinadas, círculos e uma textura feita com a ponta seca do compasso, vários tons de cinza surgiram nessa experiência, há… como é difícil construir algo abstrato…
Author Archive for Valéria Santos
Segue mais um estudo de técnica mista de pintura feita no papel telado com aquarela, lápis de cor e um fio 001 de naquim, sempre que termino uma pintura penso numa música, num poema ou pensamento…acho que ajuda a expressar a sensiblidade colocada em cada pintura e a conceituar a construção pictórica, sempre busco inspiração na natureza e em artistas diversos.
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
n’algum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, como é preciso,
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
algum cheirinho de alecrim
Chico Buarque
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
Depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá
Toquinho
Mas aquela curva aberta…
Mas aquela curva aberta
Aquela coisa certa
Não dá para entender…
(Caetano Veloso)
Mais uma experiência com a camêra analógica, gosto dos tons neutros que se formaram após a revelaçao dessa imagem, vejo movimento e beleza na direção das linhas dessas avenidas com o cruzamento do viaduto acima, o caos enfileirado e um certo desfocamento na imagem contida…as linhas duras e horizontais dos prédios se contrastando com a “curva aberta” desse trânsito sem fim da cidade de São Paulo…
Quando dois meios se encontram…
Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão…
(Tom Jobim)
Olhar registrado de uma das janelas do Museu de Arte Moderna de São Paulo, mais uma experiência que fiz com a camêra analógica, achei bem interessante o resultado e de todo o processo de revelação que requer paciência, delicadeza e uma pitada de amor…
Casa Modernista
Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito. (Oscar Niemeyer).
Essa foi uma das primeiras experiências que fiz com camêra analógica, trata-se de um dos ambientes da Casa Modernista que foi construída em 1928 e foi a primeira obra arquitetônica modernista do país.
Mais um estudo de cores dessa vez com guache. Acho muito interessante a opacidade dessa tinta, mostando um efeito contrário ao da aquarela que por sua vez sempre nos traz leveza e a delicada transparência. De qualquer forma também me encantei com as tonalidades que foram surgindo ao longo dessa experiência e as possibilidades de tons que se complementaram na mistura dessa composição.
Segue abaixo uma composição harmônica com duas cores primárias, a técnica usada foi com a tinta guache e pouquíssima água e um pincel para tinta acrílica bem desgastado, utilizei sutilmente o amarelo na hora de pontuar as nuances que foram surgindo no decorrer dessa composição. O desafio maior é abstrair todo e qualquer tipo de forma figurativa, confesso que essa dificuldade tem despertado a minha percepção para um “olhar” que aos poucos está se educando, mas que continua a buscar referências, especialmente em elementos da natureza. A composição fica ainda mais interessante quando você explora as novas cores que vão surgindo nessa incansável mistura de tons .