Hoje depois do lamentável acidente com os amantes do carnaval no Rio de Janeiro, me comovi…pessoas que se dedicam o ano inteiro para mostrar um carnaval bonito, cheio de luz, brilhos e muita alegria…não sou uma fanfarrona…nem vejo carnaval pela televisão e muito menos ao vivo e a cores…mas respeito muito a dedicação de quem o faz, o desprendimento de pessoas que se envolvem com amor para oferecer ao mundo um carnaval cheio cores e brilho, lembro-me e acompanhei depois de ter ganhado em primeiro lugar a escola “Mangueira” homenageando o nosso poeta e cantor Chico Buarque de Holanda …a cultura de um povo brasileiro mostrada numa escola de samba primorosamente…
Então ofereço uma preciosidade as pessoas que se dedicam ao carnaval do Rio de Janeiro, obras do nosso brilhante artista Di Cavalcanti, que era carioca da gema…o Rio de Janeiro continua lindo…com certeza teremos muitos carnavais repleto de cores e riquezas…
Segue abaixo um texto muito interessante sobre a história desse mestre de obras iluminadas…Di Cavalcanti
DI CAVALCANTI : O ENAMORADO DA VIDA
Qualquer semelhança de espírito entre o poeta Vinícius de Moraes e o pintor Di Cavalcanti não será o que vulgarmente se chama de mera coincidência, é a mais pura afinidade. Cariocas que amaram – como poucos – o Rio de Janeiro além das incontáveis mulheres que passaram por suas vidas. Tudo cantado em versos, música, prosa e imagens para deleite das gerações futuras. Ambos poetas, escritores e boêmios, entendiam que da vida só se poderia levar prazeres. Nesse aspecto, o crítico Jaime Maurício assim frisou sobre o pintor do Catete: “…fez da boêmia uma bandeira romântica”. E foi dessa maneira que esses dois gigantes da cultura brasileira levaram a vida: em constante alegria e celebração.
Não sabemos se Di Cavalcanti pintou Vinícius em suas cores tão brasileiras mas Vinicius cantou em versos, em 1963, o amigo pintor:
“…Que bom existas, pintor
Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas…”
Esses versos refletem a alegria de um Brasil que encerrou-se um ano depois sob os ventos negros da ditadura militar que se instala no país e atinge os dois amigos: um refugiando-se em Paris (Di) , o outro em Roma.
Ainda de Jaime Maurício recolhemos na brilhante pesquisa coordenada pela curadora Denise Mattar um resumo perfeito do que foi o pintor Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, autor da idéia da famosa Semana de Arte Moderna de 1922: ” …Na ausência de tradições e técnicas tipicamente nacionais, precisamos ter pintores dignos desse nome crescidos no Brasil, por ele sensorialmente formados. Como Di Cavalcanti que nos conta em lápis e tintas de modo tão brasileiro o que vê e sente. E isso com uma espontaneidade que não exclui muito labor… Nosso prazer diante das telas de Di nasce desse encontro do que subsiste na sua pintura de pessoalmente tumultuoso com o rigor da expressão definitiva, admiravelmente ordenada. No mundo do artista, feito de mulatas, pescadores, músicos, palhaços, meretrizes, circos, mercados, bordéis, portos e do mar nunca muito longe, nada há de pletórico, congestionado, ou simplesmente ornamental. Tudo, se bem que amplo, generoso, rico, permanece essencial, participa de uma realidade mais profunda e renovada.”
Este carioca que foi amigo de Picasso, Matisse e Jean Cocteau sempre declarou-se um admirador da mulher brasileira, sempre “soube revelar o rosado recôndito” das mulatas” e mais que tudo: “é sempre o mais exato pintor das coisas nacionais” segundo o escritor Mário de Andrade.
Falar da pintura de Di Cavalcanti é falar da cara e do povo brasileiro, da exuberância tropical do pais, de sua sensualidade sem folclore.
Renato Rosa
www.dicavalcanti.com.br